Quinta, 26 de Junho de 2025
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central indicou no último dia 18, a possibilidade de encerrar o ciclo de aumento da taxa básica de juros já na próxima reunião, prevista para o fim de julho. A sinalização consta no comunicado divulgado após o encontro em que, de forma unânime, o comitê decidiu elevar a Selic em 0,25 ponto porcentual — de 14,75% para 15% ao ano.
Segundo o Copom, essa eventual pausa permitirá avaliar os efeitos do aperto monetário realizado até agora. O texto divulgado destaca que já se observa “certa moderação” na atividade econômica. No comunicado anterior, de maio, a expressão usada era “incipiente moderação”.
Apesar da possibilidade de interrupção, o colegiado enfatizou que a pausa ainda não está garantida. “Os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e o comitê não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, informou o comunicado. O Copom também alertou para riscos externos, mencionando um “acirramento da tensão geopolítica”.
Esse foi o sétimo aumento consecutivo da Selic desde setembro do ano passado, quando teve início o atual ciclo de aperto monetário. Com as sucessivas altas, a taxa acumula elevação de 4,5 pontos percentuais, atingindo agora o maior patamar nominal desde julho de 2006, ainda durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. À época, porém, os juros estavam em trajetória de queda.
Também nesta quarta-feira, o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, decidiu manter as taxas de juros entre 4,25% e 4,5%, contrariando pressões do presidente Donald Trump.
“O intuito do BC ficou claro: pesar a mão para afastar cenários de cortes de juros precoces na curva”, avaliou Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. Para ele, a Selic deve permanecer em 15% até meados do próximo ano. “Com uma comunicação tão austera, fica difícil antecipar um ciclo baixista de juros.”
Já para Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, o Copom está sinalizando um possível fim de ciclo misturado com pausa. “Ou seja, deixa a porta aberta, dando a entender que, se as condições mudarem (para pior), não há um impeditivo para que volte a subir os juros.”
Em relação ao comunicado de maio, que tratava com mais ênfase das questões fiscais, o texto atual manteve a avaliação sobre a “desancoragem das expectativas”, a resiliência de certos indicadores econômicos e a necessidade de manter os juros em patamar “significativamente contracionista” por um período prolongado.
Diferente do documento anterior, a nova comunicação não repete a leitura de “elevada incerteza”, mesmo diante da dificuldade do governo em conquistar apoio no Congresso para aprovar as medidas necessárias ao cumprimento da meta fiscal de 2025.